Segunda-feira, 18 de maio de 1987. O tempo chuvoso predominava na cidade de São Paulo. Naquele dia, Antônio Carlos Tenório aproveitou uma oportunidade única e dela fez a sua vida. Aos 15 anos, ele pôs os pés no edifício de arquitetura brutalista do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) pela primeira vez, e a partir disso, sua história de vida foi construída. Para entender a trajetória de Tenório no TCMSP, no entanto, é necessário voltar no tempo.
Os pais de Tenório, Antônio Francisco e Rita de Souza, são de Pernambuco e vieram para São Paulo em busca de uma vida melhor. No sertão, o casal trabalhava com agricultura. “Meu pai sempre tinha aquele pensamento ‘ah, quando eu me estabelecer, volto pra Pernambuco.’ Mas aí é uma coisa pensar, e outra é querer e poder, e com o tempo a situação muda, você vai se constituindo, obtendo posses. Vai tendo coisas que vão te agarrando, te prendendo, formando raízes”, explica o servidor.
Tenório nasceu em 1971, e foi o primeiro filho do casal, que chegou a São Paulo em 1969. Eles tiveram quatro outros filhos – Dalva, Ivan, José e Dalvanize. Na metrópole paulistana, seu pai começou a trabalhar como pintor em residências, e o filho mais velho, na adolescência, se tornou seu assistente de trabalho. E assim começa a obra do acaso (ou seria do destino?) na vida do jovem Tenório, aos 15 anos de idade.
Num sábado, pai e filho foram trabalhar no apartamento de Walter Coelho, na época diretor de contabilidade do TCMSP. “Eu estava num dos quartos, pintando um rodapé e ele falou: ‘é seu filho?’, ‘É, ele vem aqui me ajudar’, disse meu pai. No domingo, ele afirmou que o sr. Walter lhe daria uma oportunidade de emprego.” E assim chegou a segunda-feira de maio de 1987.
Ao chegar ao apartamento, localizado na Bela Vista, região central da cidade, o diretor disse que o levaria para o Tribunal de Contas, e o jovem ficou sem entender do que se tratava. Partiram em um táxi, que atravessou a Avenida 23 de Maio, na pista molhada de chuva.
No segundo andar do Tribunal, Tenório foi apresentado a João Batista Gonçalves, secretário administrativo na época. Naquele momento, o Órgão estava contratando jovens para o serviço de office-boy/mensageiro, o que atualmente equivale ao “Jovem Aprendiz”, programa do governo para a contratação de jovens. E assim, em 20 de maio de 1987, Tenório assinou seu primeiro contrato de trabalho no Tribunal de Contas do Município de São Paulo.
Aos 18 anos, em 1990, ele foi servir ao Exército em Brasília, no Esquadrão Cerimonial do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas – Dragões da Independência – no Planalto Central. No quartel, nas horas vagas, estudava para um concurso público da Polícia Federal (PF). Com a baixa no Exército em maio de 1991, Tenório voltou para São Paulo para fazer a prova da Polícia Federal (PF), mas não atingiu a pontuação necessária para aprovação. Logo depois, o Tribunal de Contas abriu um edital para a vaga de Auxiliar Técnico Administrativo. “Tudo aquilo que eu tinha visto para a Polícia Federal pedia a mesma coisa no concurso do Tribunal. Fiz a prova, fiquei bem colocado e me efetivei.”
Em 18 de abril de 1994, Tenório se efetivou oficialmente no Tribunal de Contas do Município, e firmou suas raízes profissionais. Desde o começo, seus objetivos sempre se voltaram a ter promoções para um dia chefiar uma equipe. Tenório obteve sua primeira chefia em 2000, na Unidade Técnica de Transporte. Depois, foi para a Unidade Técnica de Infraestrutura e Conservação, por mais dois anos e meio. E, finalmente, para o setor de Compras.
Tenório diz ter aprendido muito a lidar com as pessoas, trabalhando como gestor, e reitera que não é um processo fácil. “Eu já tive muitas equipes boas e lembro os nomes de cada um. Quando montávamos uma equipe coesa, redondinha, andava, mas também já chefiei muitas equipes conflituosas”, relembra.
Transitando por diversos setores do Tribunal durante a carreira, Tenório se tornou benquisto por muitos colegas, em razão do seu jeito cooperativo e agregador. Ele recebeu boas oportunidades dentro do Tribunal, a exemplo de Eloisa Crunfli Cobos Martin, do setor de Pessoal, que já o chefiou por duas vezes.
Outra pessoa que faz parte dos que ajudaram Tenório a constituir uma trajetória no TCMSP foi Luiz Protásio Oliva, que na sua época de chefia no setor de Compras, fez questão que ele estivesse em seu time. “Foi a mais coesa equipe que eu já trabalhei. A gente funcionava perfeitamente, discutia coisas, mas depois do expediente tomava cerveja” recordou.
Além dos 35 anos como servidor do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, Tenório também celebra seus 20 anos de casamento com Daniele Alves: “Sempre digo a ela que eu tirei a sorte grande na Mega Sena, mas a da virada, quando nos casamos em 2002. Agradeço a Deus por tê-la ao meu lado, pelo seu carinho, amor, paciência e cuidado para comigo e com nossos filhos João Vitor e Ana Beatriz”.
Por fim, Tenório agradece ao Tribunal de Contas do Município de São Paulo pela sua formação como pessoa e como profissional: “O Tribunal me fortaleceu no sentido de ter caráter, de ser gentil, educado, de ouvir mais, falar menos… foi o que eu aprendi por todos os setores pelos quais passei.” Relembra também dos companheiros que levará pela vida toda: “Aqui tenho bons irmãos, e eles sabem. Quando lerem esse texto notarão que falo deles”.
Lilian Brito